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sexta-feira, julho 16, 2004

Para São Joaquim, encarando a Serra do Rio do Rastro

16 de julho de 2004

Sexta-feira, bem cedo já estávamos partindo em direção a São Joaquim. A dúvida maior: subir a famosa Serra do rio do Rastro ou dar a volta por Lages? Mesmo sentindo que o motor não estava rendendo como antes da parada em Garopaba, perdendo a força rápido, resolvemos subir a serra, puxando o Ventinho. O Ventania está com lotação máxima. 10 toneladas, fora o Uno que tem que ser puxado. Tempo nublado, chuviscos eventuais.

Descemos a BR101 até Tubarão. Dificuldades em ultrapassar e fazer subidas prolongadas. Vira e mexe, fila de carros se forma atrás de mim. Encosto, dou passagem e libero a pista para todos. E assim, vamos passando por pequenas cidades, conhecendo novas paisagens. São Ludgero, Braço do Norte, Orleans. E começa a Serra do Rio do Rastro. E eu rezando para o Ventania suportar a subida de aproximadamente 12km. Asfalto bom, subida relativamente suave, areas de escape, tudo tranquilo, mesmo com nevoeiro. Não dava para enxergar o que ainda tínhamos a subir. Parecia uma grande moleza. Até que o asfalto foi substituído por piso em cimento ou concreto, paredão de pedra de um lado e abismo do outro. Pista estreita.

Dois caminhões não podem ocupar uma curva. Impossível. Um tem que parar bem antes. E o motor estava fraco. E a subida ficava mais íngreme. E as curvas passaram a ser de 180 graus, sem exagero nenhum. Impossivel subir em segunda marcha. O motor não aguentava. Tinha que ser só em primeira marcha. O Ventania estava sofrendo mas ia adiante. Vez ou outra um veículo em sentido contrário. Quando era caminhão, cada um se espremia pelo seu lado direito, quem está descendo pára e dá prioridade para quem sobe. Sorte minha. Até que encontrei um ônibus grande numa curva. Tive que parar. O outro, para minha sorte, começou a dar ré. Parou, pois outro caminhão chegou. Também teve que dar ré. Tentei sair novamente e o motor não aguentava. Eu suava frio. Pé no freio, freio de mão puxado, acelerando bastante, espelho recolhido, passageiros do ônibus com medo do japonês. Soltei o freio de mão, com cuidado para não descer para trás e perder o controle. Acelerando, o motor hesitou, mas, sacolejando bastante começou a ir adiante. Dei um berro para o Jorge, que estava filmando, parar de filmar e por a cabeça para fora para ver o quanto ainda podia ir para a minha direita sem bater na guia alta de proteção. Rezei em silêncio, disfarcei uma fachada de confiança e... banzai.

Depois dessa, qualquer coisa é refresco. E o Ventania subiu a Serra do Rio do Rastro, com um motorista calouro, japonês de chapéu e óculos ao volante. Fomos ao mirante no dia seguinte, com tempo aberto, só para conferir a serra que subimos. Quando a vimos do alto, tive a seguinte certeza: só encarei porque eu não sabia que a Serra do Rio do Rastro era tão pedreira. Às vezes, é melhor não saber. Senão, nunca teríamos tido tal experiência, inesquecível. A Neuza é mais atirada. Eu mais cauteloso. Muitas vezes, “bundão”. Sabendo disso, embarco nas idéias dela. Tem sido bom demais.