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terça-feira, outubro 18, 2005

Cegos. Mas enxergam muito mais do que nós.

18 de Outubro. Em Itapeva, com pessoas muito especiais. Deficientes visuais da Luz da Visão

Eu e Verônica saímos 6 horas da manhã de São Paulo, para não perder mais nenhuma aula. Neuza ficou com a filha Sonia em Sampa. Verônica sabe se virar bem e é criativa também na cozinha. Fez um molho de lingüiça para colocar no nhoque e almoçamos muito bem. Eu fui a Itapeva, na casa Luz da Visão, uma instituição que contribui para o desenvolvimento de pessoas cegas ou com deficiência na vista. É um ambiente muito especial, com pessoas que ajudam voluntariamente, como a Cessa, a Maria, Alvacir, Elvira, Tereza, Márcia, Nilse, Edile, Fátima, Olívia, Camila. Ajudam e ensinam pessoas como o Altamir, Arlindo, Jéferson, Zaqueu, Zé Lima, Zé Dias, Carlos, Caçula, Delícia, Nair, Castorina. Sendo pessoas que não enxergam, de nada adiantaria eu escrever e desenvolver a minha palestra como sempre faço, fazer gestos, mímicas etc. Pudemos conversar sobre felicidade, otimismo, apoio, encarar o próprio mundo novo para não se revoltar com o que perdeu. Das 11 pessoas com deficiência visual, apenas o Jéferson é cego desde que nasceu (eu ganhei um porta-guardanapos feito por ele). As demais perderam a visão pelas mais diversas causas. A maioria foi em conseqüência de descolamento da retina e agravamento por conta de diabetes. Foram quase três horas de momentos ricos, e de muita emoção. Estas pessoas fazem parte da Luz da Visão e são especiais porque priorizam o SER, não o TER. São pessoas de valor. Honestidade, Responsabilidade, Respeito, Gratidão e Solidariedade. Quem está lá para ajudar tem muito brilho nos olhos, e repassa esse brilho aos demais. Este é o Brasil que tem jeito. Com o dinheiro roubado pelos Malufs e Lalaus e Valérios, seria possível construir e manter pelo menos uma instituição como a Luz da Visão, em cada município brasileiro.